Ansiedade: reação ou ação?

Escrito por Cérebro e Afeto em 16/10/2019

Com certeza você já ouviu falar em ansiedade ou que alguém é ansioso. Você sabe o que é? Sabia que algumas vezes ela pode nos ajudar a fazer escolhas e tomar decisões? Mas se ela for muito acentuada pode te atrapalhar (e bastante!). Nesses casos, às vezes é necessária a ajuda de um profissional da saúde como um psiquiatra ou psicólogo.

Para Viscott (1982), ansiedade é o medo de ser magoado ou de perder alguma coisa. Quer o medo seja real ou imaginário, a sensação é a mesma. A ansiedade varia da tênue apreensão que alguém sente ao testar a temperatura da água antes de nadar, até o pânico desorganizador de uma pessoa incapaz de controlar suas funções corporais. Entre esses dois extremos, estão os sentimentos de estar amedrontado, assustado, nervoso, afobado, preocupado, inquieto, desamparado, inseguro, com dificuldades financeiras, com os pés frios, com tremedeira – todas as graduações do sentimento de incerteza quanto à segurança pessoas (Viscott, 1982).

Quando falamos em ansiedade ou de comportamento anisoso, podemos fazer a equivalência do comportamento de luta e fuga dos animais. As mudanças fisiológicas que acontecem nessas circunstâncias são muito parecidas: aceleração dos batimentos cardíacos, sudorese, aumento da pressão arterial, tremor, etc. Muitas pesquisas farmacológicas são feitas com modelos animais de ansiedade.

Esse comportamento é adaptativo, inclusive nos seres humanos. Ele é necessário para situações em que estamos em risco e devemos avaliar as opções que temos para reagir. Por exemplo, quando um aluno tem que fazer uma prova, um pouco de ansiedade é importante para que ele se mantenha motivado para estudar, um ”medinho” da prova e preocupação com seu desempenho é importante nesse sentido. Ao passo que aquele aluno muito tranquilo, talvez não se preocupe o suficiente, o que pode lhe prejudicar na avaliação. O contrário é verdadeiro também, muita ansiedade pode atrapalhar a qualidade do estudo ou dar aquele famoso “branco” na prova. Enfim, a ansiedade é necessária minimamente para nos proteger e motivar para as situações do dia-a-dia.

Assim, a ansiedade deve ser considerada uma resposta normal diante de situações de perigo real, nas quais constitui um sinal de alarme, e portanto um mecanismo essencial para a defesa e sobrevivência dos indivíduos e da própria espécie. Também costuma ocorrer em situações de insucesso, perda de posição social, perda de entes queridos ou em situações que geram expectativas de desamparo, abandono ou de punição ou que possuam tal significado para a pessoa. Nessas circunstâncias ela é uma emoção muito semelhante ao medo e é últil para que a pessoa tome as medidas necesárias, como lutar, enfrentar, fugir ou evitar. Dependendo da intensidade do desconforto que provoca, da interfência ou não nas atividades diárias ou no sono e da duração, poderá ser considerado normal ou patológica (Cordioli, 2012)

Segundo o Manual Diagnóstico dos Transtornos Mentais (DSM-V), os transtornos de ansiedade incluem os transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e perturbações comportamentais relacionados. Medo é a resposta emocional à ameaça iminente real ou percebida, enquanto ansiedade é a antecipação de ameaça futura. Os ataques de pânico se destacam dentro dos transtornos de ansiedade como um tipo particular de resposta ao medo. Muitos dos transtornos de ansiedade se desenvolvem na infância e tendem a persistir se não forem tratados. A maioria ocorre com mais frequência em indivíduos do sexo feminino do que no masculino (proporção de aproximadamente 2:1). Cada transtorno de ansiedade é diagnosticado somente quando os sintomas não são consequência dos efeitos fisiológicos do uso de uma substância/medicamento ou de outra condição médica ou não são mais bem explicados por outro transtorno mental (DSM-V). 

Se a ansiedade está atrapalhando sua vida talvez seja a hora de procurar ajuda. O acompanhamento psicológico pode auxiliar na identificação dos fatores e circuntâncias que o deixam mais ansioso. O tratamento medicamentoso em conjunto com a psicoterapia, dependendo do caso, mostra resultados bastante efetivos no controle da ansiedade. 

“Ninguém pode criar vida para você. Ninguém deve. Outros poderão apontar o caminho, ajudar a definir suas metas, mas o trabalho, o fardo, a responsabilidade – e, consequentemente, a alegria – são só de você.”(Viscott, 1982).

Referências Bibliográficas:

Cordioli, A.V. Terapia farmacológica para os transtornos psicológicos. Em: Caballo, V. E. (org) Tratamento Cognitivo-Comportamental dos Transtornos Psicológicos da Atualidade. São Paulo: Santos, 2012.

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento … et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli … [et al.]. – 5. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2014. 

Viscott, D. A linguagem dos sentimentos. São Paulo: Summus, 1982.


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