Doença de Alzheimer

Escrito por Cérebro e Afeto em 12/07/2017

A Doença de Alzheimer (DA) é uma enfermidade que não tem cura e se agrava ao longo do tempo ou seja, é uma doença degenerativa, mas pode e deve ser tratada. Quase todos os indivíduos acometidos por essa enfermidade são idosos. Trata-se de um relevante problema de saúde individual e coletiva, pois provoca significativa incapacidade e dependência nos pacientes durante o curso da doença.

Estudos populacionais norte-americanos, europeus e nacionais apontam que a DA é a principal causa de demência em idosos, e que sua prevalência e incidência aumentam de forma exponencial com a idade.

Não se sabe ainda por que a DA ocorre, mas são conhecidas algumas lesões cerebrais características dessa doença. As duas principais alterações que se apresentam são as placas senis decorrentes do depósito de proteína beta-amiloide, produzida de forma irregular, e os emaranhados neurofibrilares, frutos da hiperfosforilação da proteína tau. Outra alteração observada é a redução do número das células nervosas (neurônios) e das ligações entre elas (sinapses), com redução progressiva do volume cerebral.

Os sintomas da DA se apresentam de forma insidiosa, com piora progressiva ao longo do tempo. A principal característica no estágio inicial é o déficit de memória episódica para eventos recentes. O paciente pode se queixar de dificuldade para se lembrar de datas, fatos e nomes de pessoas. Posteriormente, com a progressão da doença, surgem as demais alterações cognitivas e comportamentais, como a perseveração do funcionamento motor e sensorial já nas fases mais avançadas.

Situações comuns no dia-a-dia podem ajudar o clínico no diagnóstico de DA, como por exemplo dificuldades em se lembrar de acontecimentos recentes, compromissos, recados (o que leva o indivíduo a repetir a mesma pergunta várias vezes), perda de objetos pessoais pela casa, redução da linguagem espontânea pela dificuldade de nomeação, especialmente de palavras de uso menos frequente. É comum os pacientes apresentarem desorientação espacial ao passearem ou dirigirem por locais menos conhecidos. Comprometimento de funções executivas (julgamento, insight, planejamento e abstração), apraxia e dificuldades de cálculo também são frequentes nos estágios leves a moderados, assim como a agnosia visual, embora de modo menos comum que os anteriores.

Ainda não existem marcadores biológicos definitivos para detecção do DA, o que implica que o médico realize o diagnóstico com base na confirmação de perfil compatível e na exclusão de outras etiologias que possam provocar demência, por meio de exames laboratoriais e de neuroimagem estrutural. A avaliação neuropsicológica também pode ser uma ferramenta importante para a avaliação clínica, já que pode traçar o perfil cognitivo do paciente e assim documentar os déficits, caso existam.

Até o momento, não existe cura para a DA. Os avanços da medicina têm permitido que os pacientes tenham uma sobrevida maior e uma qualidade de vida melhor, mesmo na fase grave da doença. Os objetivos dos tratamentos são aliviar os sintomas existentes, estabilizando-os ou, ao menos, permitindo que boa parte dos pacientes tenha uma progressão mais lenta da doença, conseguindo manter-se independentes nas atividades da vida diária por mais tempo. Os tratamentos indicados podem ser divididos em farmacológico e não farmacológico.

Em relação aos tratamentos farmacológicos, uma das possibilidades é utilizar medicações que inibam a degradação da acetilcolina (rivastigmina, a donepezila e a galantamina), que se encontra reduzida em pacientes com DA. Outras drogas que atuam de maneira diferente também podem ser utilizadas, como por exemplo a memantina.

Os sintomas comportamentais e psicológicos podem ser tratados com medicações específicas e controladas. Muitas medicações, com expectativa de bons resultados, podem ser indicadas para o tratamento e o controle de agitação, agressividade, alterações do sono, depressão, ansiedade, apatia, delírios e alucinações.

Acerca do tratamento não-farmacológico, há evidências científicas que indicam que atividades de estimulação cognitiva, social e física beneficiam a manutenção de habilidades preservadas e favorecem a funcionalidade. O treinamento das funções cognitivas como atenção, memória, linguagem, orientação e a utilização de estratégias compensatórias são muito úteis para investimento em qualidade de vida e para estimulação cognitiva.

O objetivo dos tratamentos não farmacológicos não é fazer com que a pessoa com demência volte a funcionar como antes da instalação da doença, mas que funcione o melhor possível a partir de novos e evolutivos parâmetros.

Finalmente, os conhecimentos das causas, do diagnóstico e do quadro clinico, bem como as estratégias terapêuticas, avançaram de forma extraordinária neste período, espacialmente nas últimas três décadas. Grandes estudos colaborativos têm exercido papel relevante neste contexto. Embora os desafios ainda sejam expressivos, o elevado número de ensaios clínicos farmacológicos e não-farmacológicos em andamento e em planejamento permite antever um futuro mais otimista para os pacientes com DA e seus familiares.

Fonte: Abraz – Associação Brasielira de Alzheimer (Disponível em <www.abraz.org.br> Acesso em 11 de julho de 2017)

Carmelli, P.; Carvalho, V.A. Doença de Alzheimer. In: Teixeira, A.L.; Caramelli, P. Neurologia Cognitiva e do Comportamento. Rio de Janeiro: Reinveter, 2012. p:246-259.


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