Crianças Inquietas?

Escrito por Cérebro e Afeto em 10/10/2017

É muito comum no consultório ou até mesmo em conversas informais entre pais ou educadores a queixa de agitação infantil. Como já escrevemos antes, a investigação desta queixa é muito importante pois a partir dela conseguimos delinear um diagnóstico e tratamento.

Mas agora, temos que considerar o outro lado da moeda. Sim! O que mais pode estar por trás desta queixa. Lógico que nem tudo é Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDA-H).

Crianças, no geral, são agitadas! Umas mais outras menos, mas a agitação é uma manifestação típica da infância.

Temos crianças rebeldes, mal-educadas, mal-ocupadas…

Crianças precisam brincar, criar seus brinquedos e brincadeiras, se sujar, se limpar, construir, quebrar… Por outro lado, crianças com excesso de atividades também se agitam mais já que não sobra tempo para ficar sozinha, se descobrir, curtir seus brinquedos preferidos e criar novidades. O excesso de atividades é tão prejudicial quanto a falta. Portanto, equilibre a intensidade e qualidade das atividades de seu filho (a).

Às vezes, a agitação é ansiedade. A criança pode apresentar sintomas físicos como: transpiração excessiva, falta de atenção, dor de barriga, enurese, taquicardia. Pode parecer viver em um estado de alerta, parece controlar tudo, quer saber o que vai fazer após um passeio que mal começou, tem a fala rápida, não consegue esperar sua vez nas brincadeiras, sofre por antecipação, rói as unhas, enrola os cabelos, masturba-se excessivamente, pisca muito. Em geral, crianças assim podem estar refletindo pais também ansiosos e perfeccionistas. Elas precisam de rotina e não devem saber com muita antecipação as novidades que as esperam. É preciso evitar o “talvez” e acrescentar limites onde “não” é “não” e “sim” é “sim”.

E mais uma coisa: há pais que se esquecem até de respirar! Não tem tempo para nada. Crianças em lares onde não há tempo para conversar, se olhar e ouvir o outro, aprendem que é assim que se vive. Portanto, reproduzem este comportamento. Adquirem também o ritmo agitado, simplesmente se acostumam a ele.

A família é uma microsociedade. É importante que nela haja o espaço para o encontro, para o acerto de contas, para as brincadeiras, para a refeição em torno da mesa. A criança vai aprender a se relacionar, a se socializar e a enfrentar os problemas da vida a partir da convivência em família. Quanto mais qualidade o relacionamento familiar tiver, maior a possibilidade de modelos adequados ao (à) seu (sua) filho (a).

 

Bibliografia de apoio:

Dumas, J.E. Psicopatologia da Infância e da Adolescência. 3a Edição- Artmed

Monteiro, E. A culpa é da mãe. 4a. Edição. Summus Editorial


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